Entre altos e baixos, Piquerez conquistou a torcida do Palmeiras. Teve a dura missão de substituir Matias Vina, seu compatriota, e vem dando conta do recado até então. Mas Piquerez chama atenção da imprensa e da torcida por sua técnica e vocação ofensiva. E não há razões para reclamar disso. Mas o economista Maxx Lorenzzo, percebendo desajustes táticos no jogo do lateral, resolveu estudar mais à fundo até chegar a conclusão que o lateral uruguaio tem um custo enorme para o esquema tático de Abel Ferreira. E para não ter dúvidas de sua teoria, foi justamente na partida diante do Goiás, em que o uruguaio fez seu melhor jogo do ano, que Maxx Lorenzzo usou como base.
O “Custo Piquerez”
O uruguaio jogou semanas atrás na goleado do Palmeiras contra o Goiás. Saiu de campo duas (ou três?) assistências na conta, já que saiu dos pés dele a bola que o zagueiro Sidimar desviaria contra o próprio gol, marcando a favor do Palmeiras. Se no dia o torcedor ficou eufórico com a atuação dele, não é por menos, correto? O uruguaio acabou com uma nota de 8,1 no rigoroso SofaScore, sistema que analisa estatisticamente todas as ações do atleta em campo. Partida magistral do lateral, correto? Bem…
A Economia explica o problema
Na economia, existe o conceito chamado Custo de Oportunidade. Ele determina que o custo econômico de algo não é apenas o quanto você gasta para obter aquilo, mas também o que você deixa de ganhar ao fazer aquela escolha. Deste modo, até mesmo algo que lhe faça ganhar dinheiro pode ter um custo.
Partida “perfeita”, mas dentro de um contexto
E a partida de Piquerez contra o Goiás serve como um perfeito exemplo de como isso funciona. Não por ter feito uma atuação sem impacto na partida, muito pelo contrário. Mas analisar o que foi uma das “melhores partidas do Uruguaio pelo Palmeiras” pode ser uma maneira ótima de entender os custos até mesmo de uma ótima atuação.
Erros que podem custar caro para o Palmeiras no futuro
Ainda pelo SofaScore, Piquerez teve quatorze perdas de posse de bola. Nessas perdas, se tem 4 cruzamentos adversários que deram errados, e agora vou ter que confiar nos olhos de quem assistiu pra concordar comigo: foram cruzamentos muito errados, de total falta de controle de bola e entrosamento entre armadores e atacantes. O time do Goiás é extremamente inferior técnica e taticamente a algumas das outras equipes que enfrentaremos ao longo da temporada. Quatro bolas perdidas que geram situação de ataque contra adversários mais fortes podem ser letais em jogos de grande porte.
Na imagem é possível ver no mapa de calor o que foi absolutamente nítido no jogo: Piquerez estava praticamente como um ponta, e não só isso, como era um ponta com enorme espaço pra ferir a defesa do Goiás o tempo quase inteiro.
Tanto é que teve 79 toques na bola; para comparação, Dudu – principal armador do time na partida – teve 64. Envolver tanto seu lateral assim na articulação e, principalmente, na infiltração, sempre irá gerar espaços vazios para o adversário. E quando o adversário tem espaço, jogadores de maior técnica, criatividade ou velocidade vão “fazer a festa”.
“Custo” não quer dizer “problema”, mas atenção é necessária
Mesmo sendo até um dos destaques do jogo, Piquerez teve um custo. Não que tenha sido realmente prejudicial, afinal, o que consegue ser prejudicial num jogo onde o time vence por sonoros 5 x 0? Mas se tem uma coisa que o futebol cansa de ensinar, é que não se pode dar sopa pro azar.
Importante Abel Ferreira ter em mente, como já deve ser o caso, que a lacuna deixada pelo uruguaio será um tendão de Aquiles muito grande nos duelos táticos mais equilibrados. Piquerez não jogou mal e não à toa saiu como um dos melhores em campo. Mas imagine que, por milímetros, seus dois cruzamentos não dessem em nada. Ou então a possibilidade de as quatro chances de ataque dadas ao Goiás, sem contar os espaços que permitiu pelo lado esquerdo, resultassem em gols.
A qualidade (e presença) ofensiva de Piquerez tem um custo. Suas lacunas deixadas, dribles errados e passes arriscados no campo do Palmeiras, todas características de um jogador mais ofensivo, podem sair muito caro em outros jogos. Podem significar também atuações magistrais, como a contra o Goiás. Mas é preciso entender o custo até mesmo de uma exibição dessa.
O uruguaio já se provou um ótimo ala ofensivo, com vocação até para se tornar um ponta. Mas suas deficiências defensivas (e até táticas, pelo posicionamento), tem um custo. E vamos ver até onde o Palmeiras aguenta levar esse custo…
Há solução?
Como já dito, é inegável que o Uruguaio tem talento para jogar de forma mais adiantada, sem se prender tanto às tarefas defensivas. Por outro lado, o Palmeiras carece muito de nomes para o setor. Jorge já não convencia e está emprestado ao Fluminense, onde se lesionou. Já Vanderlan não consegue se firmar, mostrando ainda claros sinais de inexperiência. A solução a curto, médio e longo prazo é uma só: buscar um nome para o setor e, aí sim, reavaliar se Piquerez pode ser útil como uma opção de lateral mais ofensivo ou oficializar como um meia aberto pela esquerda.
Texto por:
Texto e Análise: Maxx Lorenzzo
Edição e Adaptação: Tom Frauches
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