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Opinião: CONMEBOL se mostra tão racista quanto os torcedores ao punir Tabata

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A CONMEBOL, mais precisamente seu Tribunal Disciplinar, decidiu tomar uma atitude, no mínimo, porca. Em um ato de completa insensatez, suspendeu Bruno Tabata por quatro meses por conta de atos racistas. A alegação, apresentada pelo Cerro Porteño, é que ele fez gestos de tal gravidade a torcida do clube paraguaio. O Palmeiras irá recorrer, e o atacante já deu sua declaração sobre. Mas, é provável que, por mais que a bandeira defendida seja a antirracista, a entidade só enxergará o verde e amarelo.

Bruno Tabata
Bruno Tabata. Foto: Cesar Greco/Palmeiras

CONMEBOL e racismo caminham juntos há anos

Ano vai, ano vem e a situação segue a mesma. Os times sul-americanos vêm ao Brasil e, quando chegam aos nossos estádios, seguem demonstrando todo seu preconceito. Assim, como ocorreu com Vinícius Júnior, que segue sendo chamado de “mono“, ou seja, macaco em espanhol, os torcedores da América do Sul têm o mesmo tratamento conosco. A diferença? Não devia haver. São países que foram colonizados por nós. No entanto, vestem uma carapuça de europeus e destilam ódio.

Leila Pereira e Ednaldo Rodrigues acompanham final do Mundial de Clubes
Leila Pereira, Ednaldo Rodrigues e Alejandro Domínguez, respectivos presidentes da CBF e CONMEBOL (Reprodução: Internet)

Porém, ao contrário do que houve com o craque do Real Madrid, a entidade não luta contra o preconceito. Quando um jogador brasileiro sofre com falas ou atos racistas de torcedores e até de JOGADORES, os olhos são fechados para o caso. Uma multa irrisória é aplicada aos clubes e, na próxima edição, a situação segue. Aliás, eles alegam que essas práticas são apenas provocações. Pois bem: o que uma pessoa imitando um macaco tem a ver com futebol?

O punição contra Tabata é improcedente?

Ao meu ver? Sim. A justiça, ao menos em países democráticos, pede que ambos os lados sejam ouvidos antes de qualquer julgamento. E, ao que parece, isso não ocorreu. O Palmeiras já apresentou recursos, inclusive vídeos, que comprovariam que a provocação partiu dos torcedores do Cerro. Todavia, como sempre ocorre, mesmo que a mídia, torcida e clubes brasileiros façam barulho para que a situação seja revista, dificilmente acontecerá.

A presidente Leila Pereira, da SE Palmeiras, apresenta o mais novo atleta do clube, Bruno tabata, na Academia de Futebol. (Foto: Cesar Greco)

Segundo Bruno Tabata, ele estava no aquecimento com outros jogadores, quando a torcida começou a chamá-los de macaco. Ele alega, inclusive, que Endrick o perguntou o que estava acontecendo e, quando se deram conta, eles ficaram furiosos e, em própria defesa, questionou os torcedores sobre as ofensas. É claro que, em nenhum momento, esse depoimento será levado em consideração. Ainda que um vídeo comprove.

E os racistas sempre saíram impunes?

Depende. Na teoria, não deviam. A própria entidade, em março, disse que sanções mais sérias seriam tomadas contra esses atos. Uma delas seria aumentar a multa de 30 mil dólares para 100 mil. Isso ao clube. Além disso, destacou que poderia punir os infratores (no caso o clube que eles torcem), com a perda do mando de campo. Agora vem a questão que não quer calar: ainda punir os clubes? Não. Os criminosos seguirão agindo dessa forma, já que não são eles os punidos.

Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Esse tipo de punição é como quando uma criança comete um erro e o pai é chamado para arcar com as consequências. A diferença é que são torcedores adultos. Já basta de tratar comportamentos criminosos como “espírito guerreiro” ou rivalidade. Zombar da cor, raça ou etnia de alguém não é brincadeira de criança, mas sim crime. E não, os vídeos deixam claro que ele sofreu nas mãos desses falsos amantes do esporte.

Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Imagine você, em seu ambiente de trabalho, ser chamado de macaco e, quando questionar sobre, receber uma suspensão ou até demissão por justa causa? Naturalmente resultaria em um processo, com causa ganha ao ex-funcionário. Mas, no caso de Tabata, o máximo que acontecerá será a revogação de pena, sem nem ao menos um pedido de desculpas ou atitude além. Ao Palmeiras, sobre juntar todos os casos de racismo sofridos e ir até a FIFA, cobrando soluções, já que a CONMEBOL não o fará.

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