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Opinião: pela primeira vez em 5 anos, Palmeiras não tem elenco profundo

Foto: Cesar Greco/Palmeiras

Saudações Palmeirenses!
Sempre nos orgulhamos da profundidade de nosso elenco. “O Palmeiras não tem só time, tem plantel” me orgulhava dizer. Bastava sair ou se machucar alguém que entrava um nome no mesmo nível. Quem não se lembra quando Abel epicamente escalou um meio-campo formado só de adolescentes “reservas” para massacrar o River em 3×0 no Monumental?
Mas eu ando cabreiro. Muita notícia de reserva saindo, sendo emprestado. E tudo que eu pensava eram as opções de Abel para sumindo. De titular perdemos só o Scarpa, ok, mas foram zagueiros, laterais, pontas e mais um pouco embora.
Resolvi fingir que tenho a prancheta mais importante do mundo e montar 5 variações de esquema tático e escalação. Lembrando que tentei ser realista! Nada de FIFA, onde se escala 6 bons atacantes e depois só controla o jogo. E respeitando ao máximo, sempre, o perfil de jogo do Abel. Simbora ver!

O PROVÁVEL TIME

O Palmeiras que deve ser testado inicialmente

Esse é o esquema esperado, pelo menos de início. A saída de Scarpa causa mudanças, assim como a subida de Endrick. Rony e Dudu jogam abertos, mas sempre prontos para invadirem a área e ocupar o espaço deixado pelo 9. Abel já deixou claro que não gostaria de um centroavante centralizado clássico, mas Endrick e Navarro já atuaram ou atuam como meia-atacantes também.No meio, Danilo dá o principal combate no armador adversário e inicia as articulações, enquanto Zé Rafael auxilia na tarefa fazendo o movimento de ir e voltar. Sem Scarpa, Veiga ganha mais responsabilidade criativa e ofensiva.

VELOCIDADE E FOCO NAS PONTAS

Um time de velocidade e efetividade nas pontas

Não é segredo que Abel gosta de intensidade na hora de ter a bola, com um Palmeiras efetivo e objetivo, mas com segurança sem ela. Para gerar volume, Abel pode optar por fazer uma trinca no meio-campo, onde Veiga é um pouco mais liberado para atacar, mas sem a função ofensiva. Dudu e Rony se alternam entre um atacante móvel e um atacante de lado, causando problemas em qualquer defesa mais lenta. Para isso seria necessário sacrificar a ideia de um 9 central.
A opção de 3 zagueiros seria visando justamente a velocidade e as pontas. Com Dudu e Rony invadindo a área, Piquerez e Vanderlan (opção mais ofensiva na direita) poderiam ocupar justamente os lados do campo, sem se preocupar tanto com a recomposição, já que teríamos 3 + Danilo lá atrás. Um terror para sistemas defensivos lentos ou de marcação individual. Resta saber se essa versão do Palmeiras aguenta o tranco defensivamente.

A AUSÊNCIA DE SCARPA

A versão criativa do time

Scarpa foi o Melhor Jogador do último Brasileirão. E a saída dele, obviamente, é sentida. Mas e se o esquema de Abel depender da função que ele exercia? Nesse caso temos Veiga e Tabata para o papel. E juntos. Com Scarpa, o Palmeiras poucas vezes usou um 9. O quarteto ofensivo, porém, é mais dinâmico do que parece. Rony atua como um atacante, mas sai bastante da área para fazer infiltrações. Dudu assume o posto de armador ou finalizador e por isso muitas vezes se centraliza, alternando com Veiga ou Tabata. Como ambos costumam jogar do meio para a direita, a tendência é que façam a alternância para confundir a marcação. Em resumo: todos do ataque se alternam em posição. Não entendeu? Torça para que o técnico adversário também não.

A DUPLA DE OURO

Um Palmeiras jovem e ofensivo

Que Endrick já está apto a integrar o elenco profissional já ficou claro. Já impressionou todos em treinos e marcou seus gols, inclusive no importante jogo em Coritiba. Mas e Giovani? Pelo que é dito e pelo que vimos, estamos diante de outra jóia do Palmeiras aqui. E se Abel quiser encaixar ambos em um só esquema, daria certo? O português é gênio, claro, mas seria tarefa árdua.

Giovani até hoje atuou apenas como um ponta-direita canhoto, ou seja, que corta para dentro do campo. Como é difícil imaginar que Dudu perderia vaga, ele seria mais centralizado, indo para a ponta justamente nos momentos em que o garoto corta pro meio. Situação parecida seria com Endrick e Rony, mas nesse caso Endrick provavelmente recuaria, dando espaço pro facão do ponta.

Mas com 4 jogadores de ataque, dois deles ainda adolescentes, o time perderia muito do seu poder de articulação e marcação. Seria um ataque letal, mas um sistema completamente exposto e que teria dificuldades de criar. Até por isso, Veiga ou Tabata teriam que dar espaço para Zé Rafael ou até mesmo Jailson, para diminuir o prejuízo defensivo.

TIME RESERVA

Pela primeira vez em anos, difícil chamar o tal Time B do Palmeiras de um time forte. O miolo de zaga seria composto pelo irregular Luan, que ainda sim tem lampejos de ótimo zagueiro, e dois garotos de 20 anos, que mostram enorme potencial, mas longe de estarem prontos. O meio tem certa lentidão e a recuperação de Jailson é fundamental para dar maior liberdade para Astueta. Mayke e Vanderson são laterais ofensivos, o que pode ser positivo: na direita, Giovani tem apenas 17 anos e é normal que acabe sufocado algumas vezes. E na esquerda, seja Endrick ou Veiga na titularidade, a tendência é que joguem fazendo movimentos em direção ao centro, abrindo um espaço para Vanderlan. Veiga deve buscar espaço no início do último terço do campo, enquanto Endrick fatalmente invadirá a grande área.
É uma equipe que se pautaria muito na velocidade das laterais, mas teria dificuldades em manter a posse da bola e até mesmo segurar o ímpeto ofensivo adversário.
Esse “Time B” é um sinal importante de que o Palmeiras precisa focar suas contratações talvez não em astros e titulares, mas peças de rotação e composição de elenco. Teríamos, em tese, 4 adolescentes, 1 jogador em posição deslocada e 1 em recuperação de grave lesão. Isso sem contar na presença de jogadores que, de certo modo, também estão presentes no sistema titular. Em um ano de calendário pesado e extenso, isso será um fardo cedo ou (principalmente) tarde.

Para análise das estatísticas e desempenhos, foi usado o https://www.sofascore.com/pt/time/futebol/palmeiras/1963

Elenco do Palmeiras na Libertadores do ano passado, contando com mais opções.
Foto: Cesar Greco/Palmeiras

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