Que o Palmeiras teve times marcantes na sua história, todos nós sabemos. A questão é analisada não é qualidade, mas sim importância histórica, baseada nos momentos em que ambos os times viviam. Vale ressaltar que o saudosismo é um fator a ser analisado, mas não um ponto crucial. Tecnicamente um deles é muito melhor que o outro, enquanto, na questão tática, o outro daria um baile. No entanto, o que tende ser visto aqui é o impacto histórico de dois plantéis, a fim de decidir qual ficará mais na memória do torcedor.
Mas afinal: qual foi esse ataque tão marcante?
Muitos times podem se gabar de títulos, mas só nós podemos fazer isso e ainda dizer que tivemos uma Seleção, literalmente. Em 1996, o Palmeiras chegou aos 100 gols no campeonato Paulista, fato inédito até ali, e segue dessa forma. O time base da conquista e vice da Copa do Brasil no mesmo ano contava com o seguinte elenco base: Velloso; Cafu, Sandro Blum (Cláudio), Cléber e Júnior; Flávio Conceição e Amaral (Galeano); Djalminha e Rivaldo; Müller (Elivélton) e Luizão. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Só de se pensar que tínhamos essa seleção não é preciso dizer mais nada. Aliás, Velloso, hoje comentarista da Band, diz que o jogo mais marcante para ele foi um 8 a 0 contra o Botafogo-SP: “Foi a maior goleada que eu participei na minha carreira e uma coisa engraçada naquele jogo foi que o garoto do placar não tinha nem a plaquinha para colocar dos gols que o Palmeiras tinha feito!”. – Velloso, em entrevista ao documentário “20 anos do Paulista de 1996”, da TV Palmeiras. Detalhe: o placar de Ribeirão só tinha até o número 7, não tinha o número 8. Com isso, parou no 7 mesmo…
Aliás, essa mentalidade vencedora passou muito pelas mãos de Vanderlei Luxemburgo. O técnico cobrava seus atletas ao máximo, ciente de suas capacidades: “Ele (Luxemburgo) não falava para a gente tocar a bola após um 2 a 0. Ele pedia para a gente ir pra cima. Falava que éramos superiores, que tínhamos que fazer mais gols”. – Djalminha, em entrevista ao documentário “20 anos do Paulista de 1996”, da TV Palmeiras. Porém, a era Parmalat chegou ao fim e, com isso, aos poucos o elenco campeão foi se desfazendo.
O início de um Palmeiras campeão de tudo
Vindo de um 2019 desanimador, em que a expectativa foi muito além da realidade, o Palmeiras vinha de uma sequência complicada. Com uma polêmica demissão de Luis Felipe Scolari, passamos a contar com Vanderlei Luxemburgo, hoje técnico do Corinthians, para comandar nosso plantel. Talvez o palmeirense não seja tão grato mas, não fosse ele, muitos dos garotos da base, que subiram na época, seguiriam por lá.
E a fórmula deu certo, ao menos no início. Vencemos o Paulistão encima do nosso maior rival, nos pênaltis, com gol de Patrick de Paula para concretizar. Tudo prometia um ano incrível, mas não foi bem assim. Depois do Paulista, sem uma sequência tão segura, a diretoria optou por demitir Luxemburgo. Assim, começou uma corrida para anunciar seu novo comandante. Apesar de soar esquisito, Abel Ferreira não era a primeira opção. Miguel Ángel Ramírez, então no Indepiendente Dell Vale, era o plano, mas negou. Então, fomos até a Grécia atrás do técnico que eliminou Jorge Jesus da Champions League com o modesto PAOK.
O Palmeiras bicampeão CONSECUTIVO
Não podemos tirar os créditos de quem armou o verdão porque, pensando de forma isenta, Abel chegou só em novembro. Entretanto, se não fosse ele, talvez o time não estivesse tão bem organizado para o restante da temporada. Logo de início, dois canecos: Copa do Brasil, contra o Grêmio, e Libertadores, contra o Santos dos 4%. A partir daí, com uma temporada inteira para implementar suas ideias, as coisas foram diferentes. Abel promoveu quem achou merecedor e, os que se ofuscaram com a fama, amargaram no banco. Resultado? Paulistão de novo. Só que isso não era tudo.
Se a edição de 2020 colocou nos holofotes um herói improvável, com gol de Breno Lopes, a de 2021 foi ainda mais marcante. Ganhar do Santos, no Maracanã foi bom, mas vencer o Flamengo, com minoria da torcida e com “o vento à favor”(aspas propositais) foi ainda melhor. E, imagine você, crítico de futebol, pensar que venceríamos com um gol de Deyverson, o artilheiro improvável, na prorrogação. O palmeirense que disser que não achou que ele perderia o gol, cara a cara com Diego Alves, não está dizendo a verdade.
Qual teve maior impacto histórico?
Há de se analisar que, dada a década de 90, o Paulistão tinha muito mais valor do que atualmente. Sem contar que, em questão técnica, o time de 96 era bem superior. Contudo, até 2020, só tínhamos a Libertadores de 99. Com dois rebaixamentos desde então, vencer, e como vencemos, faz com que os bicampeões tenham muito mais impacto na nossa história, pensando que agora figuramos entre os maiores vencedores do torneio no Brasil, ao lado do São Paulo, Santos, Grêmio e Flamengo.
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