Há pouco mais de dois anos, a Crefisa fez uma das suas maiores ações de marketing enquanto patrocinadora do Palmeiras. Aliás, quiçá a melhor da história do clube. Pouco antes do Derby de janeiro de 2021, Leila estampou a frase “empréstimo para negativado” para o jogo.
Na época, foram reveladas diversas dívidas do Corinthians, incluindo até o não-pagamento de quentinhas para alimentação dos funcionários. Mais do que um problema financeiro, o rival ficou manchado por o quão mal lidou com a crise interna.
Empréstimo para Negativados e Goleadas para Freguês
Como dito acima, a ação não deu certo somente pela frase estampada. Isso porque, dentro de campo, destruímos o adversário. Com dois gols para Raphael Veiga e outros dois para Luiz Adriano, a partida foi uma das mais marcantes da história do clássico. Em suma, um 4 a 0 com Gabriel Girotto, ex-Palmeiras expulso, foi um excelente resultado.
Porém, teve como ficar melhor. E tudo pelas mãos de Raphael Veiga. Em um de seus gols, o meia apontou para a frase na camisa e levou a torcida ao delírio, protagonizando todas as manchetes sobre o confronto. Algum tempo depois, em entrevista ao podcast PodPah, Veiga falou sobre o momento.
De “empréstimo” para “consciência”
Dois anos depois, em situação ainda mais vitoriosa, vimos nosso maior rival pleitear ficar mais forte. Contudo, sofreram do próprio remédio. Com a vinda de Willian, eles montam o time dos sonhos. Deles, é claro. A Taunsa, que entrou como parceira para pagar o salário do atleta, deu o calote neles. Lembra a história das marmitas, não?
Mas, o cenário agora é outro. Tivemos uma polêmica recente ao tentarem contratar Cuca. Seu caso de assédio e conivência com estupro (de menores) foi trago a tona. Deste modo, a torcida e a imprensa pressionaram tanto o treinador, que ele entregou o cargo com apenas dois jogos disputados. Logo, talvez esse não seja o momento para provocações, ou será que sim?
A saída de Cuca vem da pressão popular e de patrocinadores, mas não anula a atitude de Duilio e da diretora do Corinthians. Para um clube que (com méritos) investe tanto no futebol feminino e nas campanhas de inclusão, aceitar ter um condenado como treinador foi um golpe baixo para a torcida.
A saída do Cuca demonstra que o popular foi totalmente contrário à contratação, como no caso de Robinho no Santos e no Galo. Mas isso não exonera uma diretoria que, ao ter que tomar uma decisão, optou por um criminoso. E se nosso rival tanto se orgulha de sua consciência social na história, casos como a das marmitas e essa de agora só provam que se trata de uma propaganda falsa ou um momento que ficou preso nos anos 80.
Palmeiras deveria provocar e conscientizar ao mesmo tempo
Uma ideia simples, mas que faria muito sentido, seria mudar esse slogan pra hoje. “Empréstimo para negativado” não tem mais o mesmo peso. No entanto, estampar “Profissionais Honrados e Qualificados” ou algo assim seria um baque, tanto esportivo como social.
Em resumo, a frase seria para exaltar o fato de termos atletas e comissão técnica mais preparados. Por outro lado, seria um tapa na cara, em questão social. Abel Ferreira, hoje, é um dos melhores técnicos do Brasil, mas segue criticado pela mídia, que o acusa de mal educado e agressivo. Mas, ao contrário do ex-treinador corintiano, Abel se destaca por ações importantes para as comunidades paulistas e brasileira.
Mas, e se fossem ressaltadas as ações sociais do técnico palmeirense. Mais do que empréstimo, Abel tem histórico de trabalhos sociais. As verbas recebidas pelo seu livro Cabeça Fria, Coração Quente, foram destinadas a instituições carentes. Posteriormente, desenhou uma cabeça que foi vendida como “a camisa de Abel Ferreira”. Todos os valores recebidos nas vendas foram doados.
O foco deve ser “Temos Abel, consciência e por isso estamos acima”
Com tudo isso, podemos entender que, no caso do Derby de hoje, o Palmeiras poderia ir muito além de uma provocação. A frase recomendada acima, inclusive, seria uma forma de protesto. Somos o único clube na Série A com uma presidente mulher. Estamos investindo pesadamente no futebol feminino. Somos um dos clubes que mais busca a inclusão de PCDs. O peso dessa campanha juntaria todos os nosso feitos recentes, além das pautas que precisam ser discutidas hoje.
Porque ser negativado acontece e, por mais que motivo de zoação entre clubes, faz parte do jogo. Contratar e compactuar com assédio, pedofilia e estupro nem pensar.
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